31 de dez. de 2010

Conto do pesadelo final

Ela não conseguia conter sua felicidade naquele amanhecer. Consciência leve, recuperou o amor de sua vida e o resultado desse amor ela carregava no ventre. Ela sabia que tudo iria melhorar, que o perdão a deixou de coração leve e agora havia um motivo a mais para viver. Ele acordou e sorriu para Ela, segurou-lhe a barriga e beijou, dizendo “bom dia, minha filha”.
Eles riram porque sempre quiseram uma menininha, sempre comentavam quando eram namorados e, depois da turbulência pela qual o casamento passara, falar em filhos era quase uma agressão.
Na verdade, não importava se o bebê era menina ou menino, Ele apenas quis relembrar os bons e antigos tempos que agora pareciam ter voltado àquela casa.
A felicidade era tanta que resolveram ir, naquela manhã, visitar os pais d’Ele que moravam numa cidade próxima, para contar-lhes a novidade.
Ela sentia-se vivendo em um filme, cuja trilha sonora era “Oh, Happy Day”:
Oh happy day
Oh happy day
When Jesus washed
Oh when He washed
Oh when He washed
Whased my sins away
Oh happy day
Oh happy day
Oh happy day
When Jesus washed
Oh when He washed
And then He washed
Washed my sins away
Oh its a happy day
He tought me how
To watch watch and pray
Watch and pray
And live rejoicing averyday
Everyday

Ao saírem de casa se deram conta que o carro havia sido quitado há 2 meses e nem sequer houve comemoração do feito. Assim, beijaram-se demoradamente e pegaram a estrada.
No caminho, conversavam animadamente escolhendo o possível nome do bebê.
- Nosso filho! Não consigo acreditar nisso, amor. Ele veio para nos unir, pra tirar a venda que estava em nossos olhos!
- Sim, acredite, é o nosso filho que veio. Ele é resultado do que sempre sentimos um pelo outro e quase esquecemos. Nosso bebê...
- Tu não acha estranho aquele caminhão?
- Sim, parece que vem ziguezagueando.
- Amor, freia o carro!
- Calma...
- Freia!
- Eu não to conseguindo parar!
- Vai bater na gente!
- Eu to tentando desviar!
- PÁRAAAAA...
E qualquer que tenha sido o grito posterior, foi abafado pelo estrondo da colisão. O motorista do caminhão havia dormido ao volante e Ele não conseguiu evitar o encontro frontal dos veículos. A morte d’Eles foi instantânea. Ela, com o pescoço quebrado por estar com o cinto de segurança, e Ele pelo impacto da queda ao voar do automóvel. O bebê? Esse ainda era chamado pelos peritos de feto.
Foi o fim de uma história que teria muito a contar, mas foi interrompida assim, como outras tantas também são.

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