1 de nov. de 2010

Parãparãparãparã

E eu tava com tantas esperanças de arrumar um namor nesse carnaval... burra, burra, buuurra! Onde já se viu, namorado no carnaval. Só eu mesmo. Como é que eu fui acreditar naquele cara? Ódiooô!

Tá, eu fui sozinha pra festa de terça. Todas as minhas amigas tão namorando, muito bonito, euzinha aqui ficar segurando vela em pleno carnaval, ú ó, né? Até a mãe tá namorando! Acho que até o gordo do Paulo Afonso tá de rolinho com aquela dentuça de óculos que mora em cima da mercearia. Deve ser, eu nunca vi aquele retardado se preocupando com as roupas, agora até banho de manhã ele toma, tô desconfiada que ele comprou um perfume do Avon, que a Dinda vende.

Não devaneia, Julieta Cristina! Saco. Foi só chegar à festa pra dar de cara com o Mac. Acompanhado. E a desgraçada, vestida de odalisca, não tinha uma estria, uma bordinha de catupiry do lado da cintura! Eu me senti tão ridícula vestida de Coelhinha da Playboy, que vontade de arrancar fora meu rabo! Tufo de algodão idiota... Fui direto pro bar, quem sabe uma cerveja esfria minha cabeça e me anima, né? Meeerda, o barman é o namor da Carminha Fru-Fru, aquela patricinha cor-de-rosa lá da facul. Droga, não vou poder grudar no barman e beber de graça. Já vi tudo...

O negócio é ir pra pista. Ai saco, a dança do Créu! Como é que dança isso? Se eu for pra frente desse jeito todas as celulites da minha bunda vão aparecer! Ai, a Taty tá ali sem o “mala” do namorado dela, vou conversar um pouco até acabar essa porcaria de música.

- Oi, nega!

- Oi, Cris! Que linda que tu tá, vestida de Preta Gil!

(eu vou matar essa Mulher Maravilha de perna fina!)

- Ai, guria, como tá quente aqui, né? Meus bigodinhos tão escorrendo!

- Cris, tu quer cheirar lança?

(medo. Nunca fiz isso na vida, nem quando a mãe me ofereceu lá na Ilha do Mel. Azar: tá no inferno, abraça o capeta)

- Eba, quero sim, manda aí!

(uuuuóóóóó uuuuuuóóóóóó)

- Amiga, vou no banheiro, já volto.

Droooga, quem é a bicha imitando ambulância? Que nojo, esse gosto na minha boca! Por que falam “cheirar lança” se a gente praticamente bebe essa merda? Cadê a porra do banheiro? Ai mel dels, que gatEnho ali sentadEnho na mesa!

- Oi, tá perdido?

- Acabei de me encontrar, “bonecrinha”!

Ai, xiriguidum, não vou sair no zero a zero!! Hmm, ele tá meio suado. Por que essa bicha não pára de imitar sirene? Parece que esse barulho tá dentro da minha cabeça! Epa, guri passado, tá com a mão na minha bunda!

- Princesinha, vamos pro meu carro? Aqui tá tão quente...

- Vamos sim, tô derretendo.

Eu deveria ter desconfiado que aquele guri era muito novo pra ser taxista. O pior é a vergonha de ajeitar a roupa com o dono do táxi me olhando. E o filho da puta ainda me larga um “é carinha, tá bêbado mesmo, tanta gatinha lá dentro”. Velho babão, nojento, aposto que tô bem melhor que aquele bucho que tu come em casa, malditooo! Cadê o guri? Aliás, como era o nome do fedidinho? Ué, o amasso nem foi tão bom assim pra eu ter ficado tão molhada.

- AI NÃOOO! Menstruei!

Pelo menos esse rabo idiota de algodão vai me servir pra alguma coisa. Quer saber? Orelhas malditas, vão pro vaso agooora!

Preciso de um táxi, quero ir embora... Viva, ali tem um, pelo menos uma coisa pra acabar bem minha noite.

- Moço, zona sul por favor.

- Ué coelhinha, perdeu o par e as orelhas?

Juro, eu só queria cuspir no chão e sair nadando...

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