- Juju, eu ganhei uma garrafa de cachaça de pitanga, tem um sabor maravilhoso. Me deu um ânimo que estou com vontade de fazer um jantar pra gente beber.
- A gente? Mãe, onde eu entro nessa história?
- Convidando nossas amigas para virem aqui em casa.
- Minhas amigas, você quer dizer.
- Nossas.
- Mãe, elas são minhas amigas. M-I-N-H-A-S. Não é porque você escuta atrás da porta pra dar conselhos furados, que elas te consideram amiga.
- Elas gostam de saber minha opinião.
- Elas fingem que gostam.
- Elas sempre me ouvem.
- Pra fazer o contrário do que você diz.
- Convida elas, assim saberemos.
- Tá.
- Manhêêê, o que são essas bolinhas vermelhas no fundo dessa garrafa?
- É filhote de abóbora, bocaberta, não mexe nisso, coisa.
- Mãe, olha a Julieta me xingando.
- Parem vocês dois. Juju, vai ligar ‘pras’ nossas amigas e Paulo Afonso, me devolve isso aqui que não é pro teu bico.
- O que são mamãe?
- Pitangas.
- Ah! Adoro tudo o que tem pitanga.
- E o que não tem também, gordo infame.
- Sai Julieta. Não ouviu a mãe dizer pra você ligar para as amigas de vocês? Né mãe?
- É... vocês dois!
E no jantar, com as amigas...
- Quero propor um jogo.
- Mãe, isso não vai dar certo.
- Ah Cris, deixa tua mãe falar, pode ser divertido.
- Ouviu, Juju? Bom, a idéia é a seguinte: como aqui estamos apenas entre amigas, vamos fazer o jogo da verdade, quem mentir e ser desmascarada toma um ‘martelinho’ dessa maravilha que ganhei.
- Mãe, do jeito que as gurias são, vão mentir de propósito.
- Cala a boca Cris, a gente não vai fazer isso.
- O jogo acaba quando acabar a bebida.
- Feito.
“Jogo já terminou? Ah sim, todas bêbadas, menos a mãe, ela conseguiu perguntar pra todo mundo se elas realmente a consideravam como amiga. Hahaha, deve estar desolada. Azar, foi ela quem inventou o jogo.”
“Ei, eu não consigo me fixar na conversa, tô me sentindo atolada nesse sofá. Mãe, o PA ta comendo as pitangas. Mãe, olha ele. Mãe, cuida. Peraí, eu não consigo falar, minha língua ta amortecida”
- Que porcaria de lugar é esse? Acho que já estive aqui. PA, o que você faz nessa cama... com soro?!?!
- Você também tá tomando.
- Como é? Opa. É verdade!
- Mana, enfim concordamos em algo. Entramos em coma alcoólico.
- Ai não. Morri!
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