25 de out. de 2010

Bom Diaaaaaa!

- Jujuuu... você não vai trabalhar hoje? diz Paulo Afonso entrando correndo no quarto da irmã.

- Seu gordo infame, meu celular nem despertou ainda e você vem me azucrinar? Vai chupar uma meia!!!

- Maníssima: “é” 8:25h, já...

- Como assiiim?

Juju, ou melhor, Cris salta da cama e escova os dentes enquanto procura uma roupa pra usar, pega o primeiro jeans rasgado que aparece, uma blusa ‘I love Floripa’ e calça uma mule por ser mais rápido, cospe a pasta de dente, sai de casa correndo, esquecendo de pentear seus cabelos que resolvem imitar uma samambaia naquele dia.

- Boa tarde Julieta!

- Oi Chefinho. Ele fingiu um sorriso. “Sempre tem que ter um engraçadinho. A sorte dele é ser meu chefe”, pensou.

- Desculpe o atraso, mas meu celular ficou sem bateria e...

- Não estou cobrando explicações, apesar que espero que isso nunca mais se repita. São 08h45min, ou seja, quarenta e cinco minutos descontados do teu salário. É ruim para você. Já vi que você não esqueceu do meu aniversário, e dos convidados que teremos, aqueles Desembargadores catarinenses que devem estar por chegar. Formalidade “afú”, como diria meu filho. Você veio no clima.

“PQP. Aniversário do chefe, segunda-feira, formalidades, desembargadores catarinenses, como me vesti tão rápido? Vai cerebrozinho, processa isso, engole, toma no rabo, é isso que você me faz passar? Logo eu que sou tão boa com você? Passo informações legais pra ti o dia todo e é assim que você me retribui?”

- Julieta! Julieta! JU-LI-E-TA!

- O.. er.. OI. Desculpe chefe!

- Acordou, já? Tá em transe?

- Desculpe, não vai se repetir!

- Então faça o que eu lhe mandei!

- Sim senhor, chefe.

- Outra coisa, não me chame de chefe, sou teu superior, porém, devo ser chamado com formalidades.

- Certo Dr. Roque, desculpe mais uma vez. (“Eu ainda mato ele”)

- Agora pode ir

“ O que ele pediu para eu fazer? Cérebrooo! Só me apronta essas.”

- Che... Dr. Roque?

- Fala Julieta - É... tipo... o que é mesmo que o Senhor pediu para eu fazer?

- Julieta, hoje não é teu dia, minha querida. (“Sério? Nem percebi”)

- Eu pedi pra você ajudar a dona Suélen, da cozinha, levar os doces, salgados e cafés até a sala de reuniões, onde receberei meus convidados dentro de 10 minutinhos.

- Ah, sim senhor (“Merdaaa!, eu não acredito que ele pediu pra fazer isso! Me contratou para escravaaa! Lixo de dia, eu quero um emprego novo, quero um dia novo, eu quero ser livreee... ai como eu odeio isso tudo. Ta, respira fundo, 1,2,3..”)

- Dona Suélen, vim ajudar a senhora a levar as coisas para a sala de reunião.

- Minha querida, que bom, os convidados já chegaram, falta só levar o café que já to levando os doces.

- Tudo bem, deixa comigo.

- A propósito, querida, você podia prender o teu cabelo, do jeito que esses ‘home’ são, vão pensar que tu quer esconder alguma coisa aí nessa macega.

- (“eu não acredito que ouvi isso”) Obrigada dona Suelen, já estou fazendo e logo levarei o café!

- Deixa eles servido!

- Deixa-los-ei (“ ó, portuguê-es”)

***

- Companheiros, essa é minha secretária de confiança e estagiária, Julieta.

- Bom dia a todos.

- Bom dia, Julieta.

“Droga, derrubei o café na minha calça, e agora? Aiii. Porcaria, ta me queimando. Assopra, isso, passa vergonha, infeliz”.

- Julieta, chame a Dra Marlene para juntar-se a nós.

- Sim senhor, ela responde, saindo mais rápido para ninguém perceber a sujeira em sua calça, quando vira o pé e cai no meio dos convidados com a cara na porta. “Que vergooonha, seu mule idiota, sapato cretino, eu te odeio, nunca mais coloco os pés em você... e tinha que ser o convidado mais feio pra me ajudar a levantar. Odeio agradecer com vergonha . Odeio convidados feios"

Juro por Deus. Tem dias que é preferível faltar ao trabalho!

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